XEROGRAFIA 

Texto de Hugo PONTES*  

A GALÁXIA DAS IMAGENS 

Segundo MacLuhan, em seu livro "Galáxia de Gutenberg", o fim do estágio da comunicação oral equivaleu, para as civilizações, a uma diminuição do pensamento: "livre da inquietação de lembrar-se, o homem torna-se leitor e por seu pensamento bidimensional conduz para a escrita até mesmo a palavra”.Com o advento da imprensa, a civilização orienta-se para um mundo plano, pela universalização e difusão da escrita. Os tempos mudaram. Depois de cinco longos séculos de predomínio da palavra escrita, o Universo inaugurou outra fase da evolução na qual o homem vem reencontrar a plenitude de seu pensamento: os meios de comunicação frios e quentes, segundo o grau de participação visual do ser humano. A escrita sempre foi uma barreira para os analfabetos, não só sob o aspecto da impossibilidade de comunicação bruta, como também por evoluir diferentemente do modo de conceber e explicar as idéias.A imagem é valorizada como entidade universal. A eletrônica surge, tornando toda distinção nula, pois permite a aproximação entre os homens, derrubando barreiras.É incontestável que, na atualidade, as técnicas audiovisuais tendem a aproximar e a universalizar a escrita e a imagem, sonorizando a primeira e animando a última. Além disso, verificamos que uma mensagem visual atinge, dentro do universo de cada um, distintamente, o homem da cidade e do campo; o intelectual e o analfabeto.O que é valor para as idéias, o é também para as imagens, pois esta corresponde a uma necessidade de representação para a qual não é necessário aderir. Registrá-la, sem esforço de compreensão global ou de memorização,  já é o suficiente. Para tanto a imagem fixa - gravura, ou desenho, ou pintura, ou fotografia - passa a dizer mais que as palavras.Se o homem primitivo chegou a imaginar que, desenhando na pedra (lembremo-nos da pintura rupestre), ele se comunicaria mais eficientemente com seus semelhantes, o artista plástico de nossa época - entre tantos meios eletrônicos sofisticados, encontrou na xerografia um meio prático e de baixo custo para elaborar o seu projeto de comunicação. 

POR QUE A XEROGRAFIA? 

Talvez o mais importante aspecto da xerografia seja o de ela oferecer ao artista, que não tenha a habilidade para o desenho, condições de elaborar a montagem de seus projetos, fundindo planos; linhas e sombras, sem qualquer instrumento auxiliar que a técnica do desenho exige.Através deste processo eletrônico, podemos transpor para os vários graus de densidade do branco e preto imagens cromáticas, reticuladas e mesmo em relevo (no caso, objetos transformados em figuras), o que muito se aproxima das colagens, possibilitando um retorno às experiências dos tachistas.Para a experiência com a Xerografia existe apenas um campo - o branco - espaço propício à recriação de tudo, já que a arte se desenvolveu por um constante ultrapassar de barreiras, até o despojamento completo. E esse espaço branco é o ponto de recriação em que se baseia a arte figurativa. Através da utilização desse meio, não se pretende pintar ou fotografar o natural - é o próprio natural transposto, pelo recurso tecnológico, ao espaço branco do papel.Com a Xerografia existe a possibilidade da criação de novas imagens, a partir do reaproveitamento de várias outras, associadas, com a conseqüente produção de emoções estéticas.Como em nenhuma arte, tais imagens podem ser previamente colocadas no plano, mudadas de posição até a satisfação plena do artista que transmite, assim, a sua mensagem e ou apenas um efeito estético para os olhos do observador.O artista xerográfico, como nenhum outro, preocupa-se com a inter-relação das linhas, traços, sombras e figuras, sendo sempre minucioso na harmonia entre eles, fundindo tudo nas entre-sombras do negro-fumo da máquina copiadora. 

CARACTERIZAÇÃO 

A Xerografia não impressiona pelo visual grandioso; não se utiliza tintas especiais ou painéis-monumento, exige do artista uma contenção dentro dos limites do tamanho do papel a ser utilizado. Podemos considerá-la um recurso de escritório, fazendo a arte do imediato, da comunicação rápida e eficiente num mundo onde o predomínio da Televisão, do Computador e da Internet cresce a cada segundo.O talento do artista fica evidenciado e refletido na associação de imagens e figuras, no aproveitamento do espaço branco e no conteúdo que deve ser vigoroso. Não existe preocupação pela perspectiva e pela dimensão das figuras, porque no projeto o artista detém-se mais na inter-relação das imagens e seu conteúdo que irão atuar sobre o observador-leitor.A arte xerográfica deve impressionar e marcar por uma imagem e conteúdo artísticos caracterizados, perdida que está entre tantas outras cópias e reproduções elaboradas pelo mesmo processo. 

O QUE PROPÕE A ARTE PELA XEROGRAFIA ?

Acreditamos que a proposta seja a de um consumo rápido, pela facilidade de reprodução e pelo baixo custo e divulgação mais eficaz.O revigoramento de velhas imagens, com novos inter-relacionamentos entre elas.A execução rápida de um projeto pela colocação prévia da figuras sobre um plano e o conseqüente produto final.Não podendo impressionar como "arte maior", propõe chegar às massas como um meio simples e de fácil assimilação. 

OUTRAS CONSIDERAÇÕES 

A Xerografia exige que o artista trabalhe com o meio-tom de preto sobre o branco, pois a cópia não prima pela nitidez. O branco é sempre ressaltado em detrimento ao tom escuro. Há sempre que trabalhar o branco.O trabalho do artista, através da Xerografia, é perecível. Estará constantemente sujeito às agressões do meio-ambiente, mais que qualquer outra técnica, pois se deteriora com facilidade pela ação da umidade e da luz.A Xerografia, pelas condições e facilidade de reprodução, não tem a rigidez técnica da fotografia, o virtuosismo da pintura e, muito menos, o peso de uma escultura. É um meio, auxiliar, que permite ao artista, elaborar uma arte postal por excelência. 

O TERMO XEROGRAFIA 

A denominação internacional das atividades artísticas utilizando-se como meio as cópias eletrostáticas, tem o nome francês "eletrografia".Nascida nos Estados Unidos da América do Norte nos anos 1962-1965, a Copy Art se fez objeto de exposições e de publicações de grupos de artista entre 1976 e 1979. Desde 1980 esse meio passou a ser chamado, comumente, Xerografia. No Brasil Paulo Bruscky, em Recife-PE, Hudnilson Jr, Rio de Janeiro-RJ e Hugo Pontes, em Poços de Caldas-MG foram os iniciadores na utilização da Xerografia.O termo, criado pelos artistas brasileiros, existe em virtude de as primeiras máquinas copiadoras que aqui chegaram serem da multinacional Xerox.  

XEROGRAPHY 

The Galaxy of Images 

According to MacLuhan, in his book "Gutemberg's Galaxy", the end of the stage of oral communication was equivalent to he civilizations to a decrease of thought: free if  inquietude of remembering, the man becomes reader and by his dimensional thought conducts to the wrinting even the word.With the advent of the press, the civilization finds its way to a plane world by the universalization and diffusion of writing. The times have changed. After five long centuries of the predomination of writing word, the Universe has inaugurated another phase of evolution in which the mon comes to find again the plenitude of his thought - according to the degree of visual participation of the human being. The wrinting was ever an obstacle to the illiterates, not only under the aspect of the impossibility of the rustic communication, as also for developping differently of the manner of conceiving and explaining the ideas.The image is valorized as universal entity. The eletronics come out nullifying all the distinction, becouse allow the approach among the men, pulling down barriers. It is incontestable that, at present time, the audio-visual technics tend to approach, to universalize the writing and the image, resounding the first and animating the last one. Beyond this, we verify that a visual message  reaches, inside the Universe of each one, individually, the citizen and the countryman; the intellectual and the illiterate.Whatever was the worth to the ideas is to the images, too, becouse this correspondes to a necessity of representation to which isn't necessary to adhere; register them without effort of global comprehension or memorization is sufficient. thus the stable image - gravure or drawing or painting or photograph - goes over to express more than the words.If the primitive man got to the point of suppose that drawing on the stone (rupestrial drawing), he would contact more efficiently with his fellows, the plastic artist of our age- among all sofisticate eletronic means-has found in xerography a practica resourse and a low price to develop his project of communication.     

Why the Xerography ? 

Perhaps the most important aspect in xerography were that it offers to the artist, that doesn't have hability to drawing, conditions to elaborate the mounting of his projects, producing planes, lines and shadows, without any auxiliary instrument that the technicall skill of the drawings requires.Through this eletronic process we can transpose to the several degrees of blank and black density the chromatic and reticulate images, and or even in relief (in case objects transformed in figures)  what comes near very much from pastings, making possible a return to the experiences of "tachistes".To the xerography technic there is only a scope - the blonk - propitious space to the invention of everything, since the art has developped by a continuous surpass of barriers up to the complete despoilment. And this blank space is the point of the new creation in which is based the figurative art. Through this technic we dont't expect painting or photograph something natural - it is the proper natural, transposed by the technological means, to the blank space of paper.The xerography criates new images starting from the reutilization of many others, associated, producing emotions and connotation while message.As in no one art, these images can be previously put in on a plane, changed of position until the complete satisfaction of the artist that transmites it; so, his message and or only a esthetic emotion. The xerographic artist, as no other one, becomes anxious with the connection of lines, traces, shadows and figures and is ever scrupulous of the harmony among them, melting everything in the intershadows of the dovecoulored black of the xerox. 

Characterization 

The xerography doesn't affect deeply by its pompous visual; it doesn't make use of special inks or monument panels, it requires of the artist a restraint inside of the limites of the official-paper. We can consider it a resource of office, making an art of the instant, of the rapidly, and eficient communication in the world of television, of the telex, of the teletype and of the telephoto. The artist's talent stays in evidence and reflected in the association of images and figures, in the utilization of the blank space and in the content, which must be powerful. There isn't preocupation with the perspective and proportions of the figures and in the content and or in esthetic emotion that it is going to operate on the spectator. The xerography art must affect deeply and must impress by an image and artistic content characterized, lost that it is among other copies and reproductions elaborated by the  some method.  

What Would be Proposing the Art by Xerography ? 

Whe believe that it were a rapidly consumption by simplicity of reproduction and by the low cost. The revigoration of old images, looking for new relationship among them.  The rapidly execution of a project by the previous arrangement of the figures over a plane.Not being able of affecting deeply as "Major Art", it proposes to arrive at the masse of people like a simple means and of easy assimilation.  

Others Speculations 

The xerography requires that the artist worked with a half tone of the black in the blank, becouse the copie doesn't surpass by the clearness, the blank is always emphasized in detriment of the dark colour. The blank must be always worked. The artist's work, though the xerography  is perishable, it is constantly exposed to the aggression of environment more than any other technic, becouse is easily spoiled by dust, humidity and light. The xerography, for this easy technology, doesn't have the technical inflexibility the photography, the virtuosity of the painting and much less the importance of a sculpture. It is a technic that allows and makes possible a Mail Art for excellence.                                                                   Translation: Ana Maria Sarti